
Em muitos ramos da atividade humana, usa-se metal. Indústria naval, indústria petroquímica, comércio de placas na construção civil… Por todos os lados, sempre vemos trabalhadores envoltos naquelas nuvens súbitas de faíscas azuis. Muitas vezes, aliás, sem usarem a proteção adequada, no máximo um óculos – que nem sempre é o apropriado.
E isso é um perigo! No trabalho com solda, o funcionário é obrigado o uso de equipamento de proteção devido aos muitos riscos aos quais ele fica exposto. Alguns acidentes no uso da solda, inclusive, provocam danos permanentes e incapacitantes, obrigando o trabalhador a entrar com processo de aposentadoria por invalidez.
Riscos sérios demais para ignorar
Não é raro encontrarmos trabalhadores que por questões tolas como “demonstração de macheza e superioridade”, acabam realizando soldas sem equipamento de proteção algum, alegando que “aguenta” trabalhar com aquilo sem sofrer dano algum. Alguns dão sorte e passam alguns dias sem nada sofrer, mas isso não é a maioria dos casos. Nessa maioria, o que pode acontecer é o seguinte:
– Intoxicação: Aquela fumacinha que sobe dos objetos é carregada de manganês. É bem verdade que não se respira ela na íntegra, mas o manganês vai se acumulando no corpo. Agora imagine um soldador que precisa mexer com isso todos os dias? Com o tempo, a intoxicação começa a dar seus sinais como alterações no comportamento e dificuldades motoras (agora imagine alguém com essa alterações e com um ferro de solda nas mãos?).
– Febre de soldador: já ouviu falar dela? A simples inalação da fumaça da solda pode provocá-la. É uma febre repentina, que pode ser seguida ou não por sensação de frio e tremedeira. Ela também faz com que os leucócitos (as células brancas do sangue) aumentem subitamente.
– Problemas no aparelho reprodutor: Sim, isso mesmo. Nas mulheres que trabalham com solda, podem ocorrer alterações na menstruação (especialmente relacionadas à intensidade do fluxo); podem ocorrer também partos prematuros o mesmo abortos. No homens, a lista de possíveis problemas vão da diminuição da quantidade e da mobilidade dos espermatozoides, além de alteração na cor do esperma (fica acinzentado).
– Problemas oculares: Essa era até fácil de prever, não? Por causa da fortíssima luminosidade emitida pelas faíscas da solda e dos raios ultravioleta que vão junto, não é raro encontrarmos soldadores com catarata, blefarite (inflamação na borda das pálpebras), conjuntivite e outros problemas relacionados – inclusive, câncer.
– Órgãos internos: Estudos demonstraram que soldadores frequentemente apresentam aumento no tamanho e na espessura do fígado e do baço. Não bastasse, entre os soldadores, foram relatados mais casos de câncer pancreático do que entre os participantes do grupo de controle.
– Oftalmia elétrica: O nome assusta, e com razão. Ela acontece quando os olhos são abusivamente expostos a fortes claridades – coisa muito comum no trabalho com solda. Entre os sintomas estão dor nos olhos, dificuldade para abri-los (dá a sensação de ter areia nos olhos), sensibilidade extrema à luz e visão borrada.
Mas se é tão perigoso, por que não se proteger?
Essa é uma boa pergunta. Normalmente, as empresas que requerem trabalhos com solda, obrigam seus funcionários a utilizar os equipamentos de proteção – até mesmo por força de lei. Entretanto, longe dos olhos dos chefes, muitos destes funcionários insistem em não usar alguns desses equipamentos – ou mesmo nenhum deles. São vários as explicações, como reclamações por falta de praticidade ou alegações como “esquenta muito” ou “me atrapalha a soldar”.
De fato, os equipamentos de proteção utilizados para solda são pesados. Normalmente são um capuz de proteção (para evitar que faíscas caiam sobre os cabelos, pescoço e ombros do funcionário), máscara de proteção (para evitar o contato das faíscas e da fumaça com o rosto) e luvas. Esta máscara tem um visor transparente com uma máscara que filtra o excesso de luz e também serve de barreira contra os raios ultravioleta emitidos pelo arco de solda, protegendo os olhos do funcionário. Tantos aparatos na cabeça podem ser desconfortáveis no início, mas com o tempo o trabalhador se acostuma a utilizá-los.
O importante é se proteger durante este trabalho. E como vimos acima, os riscos aos quais o soldador está exposto são numerosos e perigosos. Não vale a pena se arriscar, seja qual for o motivo.