A pressão para encontrar o caminho certo na vida e alcançar todas as expectativas dos pais, e até mesmo as suas, quando adolescente em fase de vestibular, acaba chegando até em quem confia bastante em si mesmo. As muitas horas passadas estudando sobre vários assuntos assustam todos os jovens que buscam entrar em uma universidade pública (que no Brasil tem uma qualidade de ensino melhor do que as universidades particulares, na maioria dos cursos).

O que passa a acontecer é algo ilegal e injusto com os alunos que se esforçam sem “roubar”. Em busca de um pouco mais de tempo sem sono e acordados, além de uma maior concentração naquilo que se está sendo estudado, muitos estudantes estão optando por utilizar um medicamento que tem como objetivo tratar pessoas que tem hiperatividade e déficit de atenção, conhecido como TDAH. O uso do medicamento acontece sem escrúpulos e limites, e cada vez a dose é aumentada, justamente para aumentar a concentração. Por isso, pessoas que vão prestar vestibular ou algum concurso logo ficam sabendo desse mito dos medicamentos, e acabam praticando um ato ilegal ao comprar o medicamento, a Ritalina.

Com a fama de turbinar o cérebro, esse remédio só é vendido perante prescrição médica especial, e é utilizado especificamente para ajudar crianças que são hiperativas ou que tem déficit de atenção a melhorar sua capacidade de concentração. Pessoas que utilizam esse medicamento sem tem nenhum desses sintomas, acreditam que esse efeito pode acontecer com eles também.

A ritalina também é usada por quem já saiu da época de prestar vestibular e/ou concursos, e está agora na universidade. Apesar de tudo isso, o remédio ainda ganhou fama – que lhe rendeu o apelido de “pílula da inteligência” ou “droga dos concurseiros”. Entre os universitários de medicina e de cursos que exigem muito da dedicação e esforço dos estudantes são os que tem mais adeptos do medicamento. Muitas pessoas, mesmo não tendo a receita necessária para comprar o remédio legalmente, acaba comprando de conhecidos, até chegar na internet e encontrar alguém que venda sem restrição, mesmo para quem não precisa.

Os cérebros saudáveis, não precisam de remédios para melhorar a atenção nem a memória e funções executivas (capacidade de planejar e executar tarefas). A ritalina nesse organismo não tem efeito nenhum, mas as pessoas acabam ficando com a fama de que turbinaram seu cérebro, mas a única diferença é que a pessoa fica acordada, não que ela aumenta sua capacidade de concentração nem nada do tipo.

Estudo que comprova

A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) realizou em 2012 um estudo com 36 voluntários saudáveis entre 18 e 30 anos feito pela psicóloga Silmara Baristela, com o objetivo de avaliar se o consumo do medicamento, cujo princípio ativo é o cloridrato de metilfenidato, realmente trazia vantagens cognitivas.

Eles foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: um deles tomou placebo e os outros três receberam uma dose única de 10 mg, 20 mg ou 40 mg da medicação. Depois de tomarem a pílula, os participantes foram submetidos a uma série de testes que avaliaram atenção, memória operacional e de longo prazo e funções executivas. E como esperado, o uso do medicamento não alterou a função cognitiva. A única diferença observada é que quem tomou a maior dose de ritalina (de 40mg), relatou uma sensação subjetiva de bem estar maior em comparação aos demais, e o aprendizado sob o efeito da droga consumida inadequadamente é de má qualidade

Cuidados extras

A Ritalina é um estimulante cerebral, que pode aumentar o tempo de estudo, mas não a capacidade de concentração. A psicóloga Silmara Baristela ressalta que o remédio interfere no sistema cardiovascular e, por isso, não deve ser utilizado sem orientação médica.

Além disso, Ritalina usada indiscriminadamente pode aumentar a possibilidade de causar problemas do coração, como arritmia cardíaca.  Além disso, tratando-se de uma anfetamina, a Ritalina apresenta também um potencial de abuso, razão pela qual é controlada e só pode ser comprada com receita especial.