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Quando o assunto é saúde, não se brinca com a qualidade

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Quando o assunto é saúde, não se brinca com a qualidade

A palavra “qualidade” pode ser usada de formas diferentes. Em algumas cidades do interior (e mesmo nas capitais, como “herança” de pessoas vindas do interior), qualidade pode ser referente a “tipo”. Por exemplo, “Lá na minha roça tem várias qualidades de bois”; neste caso, qualidade significa raças. “Aqui nessa cidade existem várias qualidades de tratores”; aqui, qualidade significa “tipos”, “modelos”. É um regionalismo, um jeito de falar típico de regiões geográficas bem demarcadas. Mas em seu sentido original, “qualidade” é uma propriedade de um produto ou serviço, que diz respeito especialmente às suas características positivas.

Por exemplo, uma fruta de boa qualidade é aquela plantada num bom solo, cultivada com bons produtos de adubação do solo, regada adequadamente, colhida no prazo correto, armazenada, transportada e comercializada através de procedimentos cuidadosos para que ela chegasse ao consumidor final com bom aspecto, sabor e sem defeitos ou doenças. Um carro com boa qualidade é aquele produzido bom bons materiais, seguro, com a potência esperada e aparência agradável aos olhos. Quando um produto é de má qualidade, qualquer uma das características desejáveis pelos consumidores pode estar ausente – ou mesmo todas elas. Um brinquedo que quebra à toa, um cosmético que desencadeia alergias devido aos produtos ruins utilizados na formulação, uma prestadora de serviços de internet que está sempre fora do ar, etc..

A qualidade é a medida utilizada para avaliarmos qualquer coisa, literalmente. O esperado é que tudo aquilo de que precisamos tenha boa qualidade, mas nem sempre é assim. Quantas vezes os jornais noticiaram processos contra grandes empresas devido a falhas em seu controle de qualidade que permitiram que produtos ruins chegassem à mesa do consumidor? Recentemente, por exemplo, uma análise realizada em várias grandes marcas de azeite constatou que o produto no interior dos vidros não era o que o rótulo no exterior dizia: ao invés de serem azeite de 1ª qualidade, ou seja, extraído na primeira prensa das azeitonas, era um pouco de azeite misturado a uma grande quantidade de óleo de cozinha comum – mas o valor era cobrado como se fosse 100% azeite extra virgem. Para portadores de doenças que elevam o colesterol ruim, isto representa um grande perigo.

Imagine se as indústrias farmacêuticas, na tentativa de economizar no setor de produção para aumentar seus lucros, começasse a só “dar uma lavadinha” nos cartuchos de polipropileno que utilizam para ultrafiltrar a água usada no processo de fabricação ao invés de trocá-los periodicamente, como é o correto? A saúde de milhões de pessoas seria colocada em risco em nome de uma economia porca!

Na comida, não

Tudo o que existe, de certa maneira, interfere na saúde dos indivíduos. Um carro que funcione adequadamente pode não representar riscos, mas caso a vedação do escapamento de gases não seja feita adequadamente, estes gases podem invadir o habitáculo – ou seja, o local onde o motorista e os passageiros ficam – e intoxicar quem estiver ali. E intoxicação por gases de escapamento automotivo é sempre sério, pois pode matar em poucos minutos, dependendo da concentração.

cuidado-alimentos-e-sua-qualidadeMas um dos lugares onde a qualidade dos produtos é mais vigiada é a mesa. A Alimentação interfere diretamente na qualidade de vida de cada pessoa pois diz respeito à saúde de cada um de maneira indelével. A maioria de nós já teve que ficar de molho em casa após comer uma fruta estragada, ou um alimento que caiu no chão mas que não jogamos fora por “pena de desperdiçar”, não é? Imagine se um alimento passa a ser produzido de maneira inadequada?

Produtos com problema de vedação nas embalagens podem desenvolver fungos internamente, e nem sempre estes fungos são visíveis a olho nu. Os ensacados costumam apresentar este tipo de problema, especialmente açúcar e arroz, comercializados em sacos de maior peso e que frequentemente sofrem danos. Estes devem ser sempre descartados pois não se sabe o que entrou em contato com aquela região danificada da embalagem e “pulou” para o alimento.

Frutas e hortaliças mal armazenadas sofrem grandes danos, principalmente por serem mais frágeis. O resultado todos nós já vimos: tomates amassados, alfaces com folhas quebradas e queimadas, presença de pequenos insetos entre as folhas, vermes no interior das frutas e várias outras “surpresinhas”. A depender do alimento, existem formas de se preparar os pratos utilizando estes vegetais danificados, mas o processo costuma ser mais meticuloso e demorado, e nem sempre temos tempo para isso em nosso dia a dia tão atribulado. Na dúvida, descarte.

No remédio, também não

producao-medicamentosNão há dúvidas em relação a isso: medicamentos devem ser produzidos sempre de acordo com os protocolos desenvolvidos e regulamentados pela ANVISA (ou outros órgãos fiscalizadores, no caso dos importados) pois o menor desvio de conduta no processo pode transformá-lo em veneno. Quem não se lembra das pílulas anticoncepcionais “de farinha”, dos anos 90? Pessoas inescrupulosas, que visavam o lucro próprio acima de potenciais problemas que causariam às pacientes, alteraram os protocolos de fabricação e enviaram ao mercado pílulas que não funcionavam. Uma paciente engravidou, entrou com processo contra a fábrica e o golpe foi descoberto.

Mas e se tivesse sido feito com um remédio para hipertensão, diabetes, ou pessoas transplantadas? Facilmente poderia ocorrer a morte de vários pacientes. Pacientes renais que utilizam máquinas de hemodiálise poderiam ter problemas seríssimos (ou mesmo vir a óbito) caso a água utilizada no procedimento estivesse impura devido ao uso de cartucho de polipropileno reutilizado em sua filtragem.

Portanto, fica claro: se mexe com a saúde, todo cuidado é pouco. A economia pode ser feita no custo, mas nunca, jamais, na qualidade envolvida.

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