
Demorou mas finalmente o mundo percebeu que, se não tomar algumas medidas, a vida vai se tornar insustentável por aqui. O lixo é, sem dúvida nenhuma, produzido numa velocidade muito maior do que é degradado pelo meio ambiente. Esse, aliás, não está mais dando conta de ser “drenado e dragado” da forma como temos feito: tiramos tudo o que podemos dos recursos naturais sem repor. Desde o grande evento chamado Eco 92, acontecido no Rio de Janeiro naquele ano, os cientistas vem encontrando apoio por parte da mídia para divulgar o que eles já estavam vendo há muito mais tempo – mas que nós só percebemos recentemente: o mundo está morrendo depressa, e quem o está matando somos nós.

De poucos anos pra cá é que temos nos tornado mais conscientes. Várias casas já se preocupam em separar o lixo orgânico do reciclável, as prefeituras passaram a oferecer serviço de coleta seletiva, várias empresas lançaram programas de reciclagem das próprias embalagens (algumas oferecendo descontos e outras vantagens para os clientes que devolvem estas embalagens), fabricantes de agrotóxicos recebendo embalagens vazias e as reaproveitando ou reciclando, ou então descartando de maneira adequada (aliás, isso é obrigatório por força de lei)… e muitos outros bons exemplos. Ainda não é suficiente para frear a destruição que nosso modo de vida provoca no mundo, mas já é um começo. E é nessa onda de reciclagem e reaproveitamento que entram, também, os paletes.
Reaproveitamento no artesanato
O brasileiro tem uma série de defeitos, como todo cidadão do mundo, mas se tem uma qualidade que ostentamos orgulhosos é: somos criativos. Muitas vezes pelo orçamento apertado, nós somos obrigados a buscar por “soluções alternativas” (nome chique para “gambiarras”) que resolvam um determinado problema em nossas vidas. E foi usando a criatividade (ou copiando de algum estrangeiro, mas isso é outra história, rsrsrs) que começaram a se espalhar por aí as peças de artesanato usando paletes. Em terra onde um sofá super simples custa quase R$1.000,00, muita gente prefere gastar R$200,00 e fazer um belo sofá usando paletes como base e forrando-os com almofadões – artesanais ou não. O ambiente fica personalizado e devidamente mobiliado – e o bolso fica preservado. E não para no sofá: também são feitas camas, prateleiras, suporte para plantas (muito usado em jardins verticais pra quem mora em apartamento), pufes, etc.
Os paletes são baratos quando novos, mas quando usados, são mais baratos ainda (BEM mais baratos). E como a troca de paletes usados por novos é ato constante nas empresas e indústrias que fazem uso do mesmo, sempre há oferta de paletes novos para vender, o que favorece o pessoal do artesanato. Muitas peças são descartadas com defeitos e desgastes muito pequenos para uso doméstico, o que os mantém atraentes. Muitas vezes, os sinais de que forma muito usadas conferem até um certo charme rústico à arte final!
Aqueles já muito usados e de difícil (ou impossível) uso em artesanato acabam por ser descartados. A vantagem é que, por serem de madeira já muito usada – e possivelmente até úmida -, sua degradação pelo meio ambiente é rápida, se o descarte for feito adequadamente.
Apesar de não ser reciclável, o palete de madeira é produzido de forma sustentável pois a madeira utilizada é retirada de áreas de plantação de pinus (principalmente) mantidas exclusivamente para esse fim. Ou seja, renova-se a matéria-prima constantemente, sem esgotar a capacidade do planeta na produção da madeira necessária.