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O leite e a vilania

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O leite e a vilania
É sempre importante fazer a prevenção e cuidar da saúde de seu bebê.

Quando meu filho era pequeno – mas pequeno mesmo, com mais ou menos quatro anos -, começou a apresentar problemas de audição. Reparamos que ele estava colocando um volume cada vez mais alto na televisão, nem sempre nos ouvia chamá-lo e começou a falar cada vez mais alto. Confesso que não tinha reparado a alteração no volume da voz dele; quem me chamou a atenção para isso foi o médico que consultamos.

Logo no dia da consulta, quando o médico surgiu à porta para nos chamar, me levantei e chamei por Tavinho, que não me ouviu. Como ele estava brincando com aqueles brinquedinhos que todo pediatra costuma deixar na sala de espera, achei que ele estivesse distraído, mas o médico logo sacou. Ele mesmo chamou meu filho, mas com voz normal. Nada. Quando ele bateu palmas com força, aí sim Tavinho ouviu e parou de brincar para ver de onde vinha o barulho. O médico arqueou as sobrancelhas, desconfiado de algo. Senti o omeprazol que tinha tomado pela manhã rebolar no meu estômago. O que poderia ser?

É sempre importante fazer a prevenção e cuidar da saúde de seu bebê.
É sempre importante fazer a prevenção e cuidar da saúde de seu bebê.

Surpresa!

Entramos e Tavinho ficou no meu colo, brincando com algumas pecinhas de montar da sala de espera, enquanto o doutor fazia uma série de perguntas. Durante a conversa, ele citou o nome do meu filho algumas vezes, de propósito, para ver se ele reagia. Quando ele falava mais baixo, Tavinho não escutava. Quando falava em tom de voz normal, às vezes ele ouvia, às vezes não. E quando falava alto, aí sim, Tavinho escutava e olhava.

“Tavinho, acho que perdi um carrinho, e acho que ele tá dentro da sua orelha!”. Tavinho olho pra ele assustado e enfiou um dos dedinhos dentro do ouvido, como quem

se perguntava: “dentro da minha orelha? Será?”. E o doutor perguntou: “Posso dar uma olhada rapidinho se tá aí dentro? Se estiver, eu deixo você ficar com ele”. Covardia, não é? Lógico que Tavinho deixou. Sem tirá-lo do meu colo, ele veio examiná-lo com um otoscópio, fingindo que procurava pelo carrinho. Obviamente não havia nenhum, mas definitivamente havia alguma coisa. Tavinho se contorcia de cócegas!

O médico partiu para o outro ouvido, examinou demoradamente e, sem que Tavinho percebesse, tirou um carrinho do bolso do jaleco e fingiu que o retirava de dentro do ouvido dele. “Olha só! Achei! Tava na sua orelha, mesmo!”, e mostrou o carrinho pro meu filho, que ficou atônito com aquilo! Olhava para mim, para o carrinho, para mim de novo, sem acreditar. E conforme o prometido, ele ganhou o brinquedo. E o doutor olhou para mim e perguntou: “Tem omeprazol em casa, mãe?”.

Submerso

E de fato, omeprazol era uma coisa que não podia faltar em minha casa, pois eu tinha muito problema com refluxo. Até comentei isso com o doutor, que deu uma risadinha e falou: “tá explicado”. De fato, Tavinho parecia ter o mesmo problema, e provavelmente era causado pelo leite que ele gostava de tomar antes de se deitar.

Segundo o pediatra, o fato de Tavinho tomar um copo de leite e se deitar logo em seguida estava provocando um forte refluxo, mas que ele, por ser criança e se distrair muito facilmente, não estava notando. Por não notar, ele continuava deitado, e a secreção começou a afetar os dois ouvidos, que estavam repletos de secreção também, só que de forma mais permanente. Tavinho escutava como se estivesse debaixo d’água o tempo todo, por isso colocava o volume da televisão cada vez mais alto e escutava cada vez menos.

A solução foi fazer um tratamento temporário com omeprazol para forçar o estômago a esvaziar mais depressa e tirar o leite da rotina de sono – ou pelo menos aumentar o intervalo entre o leite e a cama. Infelizmente, passados alguns meses, o tratamento não rustiu o efeito que esperávamos e Tavinho precisou ser operado – coisa simples, apenas uma drenagem dos ouvidos e colocação de um tal “carretel” nos tímpanos. Agora serão cerca de dois anos sem mergulhar na piscina, mas há de valer a pena!

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