
Nos últimos anos, tem-se percebido um aumento no número de brasileiros empreendedores fortemente motivados a se tornarem seus próprios patrões. Apesar do grande interesse em empresas de tecnologia, o setor de vestuário – principalmente o comércio varejista – também tem saltado aos olhos, sendo um dos que apontou maior taxa de crescimento em 2011 e 2012, segundo o Sebrae. E a tendência é continuar crescendo.
Neste quesito, o setor especializado em confecção de roupas para gestantes é um dos menos procurados, já que a população total de gestantes nunca corresponde à maioria da população total. Ou seja, a maioria dos compradores potenciais buscará roupas para não-grávidas, o que representa uma fatia significativamente maior de capital para estas modas. Porém, o que parece uma conta simples e que aparentemente justifique o investimento do empreendedor em moda “não-gestante”, por assim dizer, pode ser um sinal falso.
Uma brecha, uma oportunidade

As roupas para gestantes têm um valor agregado que as demais não têm. Elas simbolizam um estado orgânico, mental e espiritual pelo qual apenas as gestantes estão passando, o que as torna propensas a investirem valores um pouco mais altos nas peças que vão abrigá-las ao longo de um período tão especial. De maneira alguma isso significa que pagarão valores exorbitantes, porém elas sabem que os preços desta moda são naturalmente maiores. Se julgarem que o conforto e a qualidade das peças valem o preço cobrado, elas pagarão.
Não bastasse, esta lacuna na moda (a falta de interesse em produzir moda gestante) cria uma grande oportunidade, já que a concorrência entre marcas ainda não é grande. A criação de um novo estilo, como estampas diferenciadas ou detalhes que as outras ainda não usam, ou mesmo acabamentos e costuras que não causem desconforto, cria um interesse quase automático por parte das gestantes, já que essa mesma falta de concorrência acaba produzindo pouca variedade de peças. Pelo menos, menos variedade do que as opções da moda não-gestante.
Mas cuidado ao investir neste setor
As roupas para gestantes não são como as outras. Tenha sempre em mente que este público está passando por severas transformações corpóreas, tem a pele mais sensível – assim como o humor – e tem agora uma auto-imagem um tanto mais frágil. Com a exigência do mercado da beleza ditando regras e padrões de todo tipo, as gestantes estão muito mais atentas ao que veem no espelho. Ao mesmo tempo em que querem conforto e segurança para curtir a gravidez, também querem transmitir beleza, já não abrem mão dela. Querem transparecer sua gestação sem parecer um balão.
Nem todo tecido é bem-vindo durante a gestação, já que alguns (especialmente os sintéticos) agora podem causar de um pequeno desconforto até uma grande irritação, ou mesmo alergias. Os acabamentos e costuras passam a merecer atenção mais que especial durante a confecção pois a pele sensível das gestantes não tolerará fios soltos, nem costuras rígidas que arranhem, mesmo que esse desconforto pareça coisa mínima aos nossos olhos. Aos olhos delas, será motivo suficiente para devolver a peça à arara da loja.
Convém, antes de abrir um negócio nessa área, consultar dermatologistas e obstetras para entender melhor as necessidades deste público altamente exigente e cheio de pormenores que precisam ser respeitados. Quanto melhor você o conhecer, melhor conduzirá seus negócios, mais o agradará e mais lucrará.