
A internet propiciou o avanço de muitas áreas, se não de todas. Especialmente a comunicação evoluiu de maneira que talvez nem os especialistas tivessem como prever. E-mails, redes sociais de todos os tipos (alguns inclusive, já extintos) e a evolução gráfica dos incontáveis sites de notícias, repletos de recursos – inclusive de interação entre os usuários e as empresas proprietárias deles.
Mas um filão veio chegando junto devagarinho, sem ninguém dar muita bola e, de repente, lá estava ele: o mercado de usados. Também conhecido como “classificados virtual”, o mercado de usados encontrou na internet uma das melhores formas de se divulgar sem precisar sair de megafone pelas ruas. Basta, simplesmente, criar um perfil numa rede social de grande movimentação de público-alvo (normalmente quem não tem muita grana pra comprar tudo novo) e anunciar um produto de vez em quando. Sebos, lojas de móveis usados ou eletrônicos… vale tudo. Até brechós acharam seu espaço! Sem contar os perfis criados por pessoas físicas para compra, venda e troca de produtos entre os participantes. Aí sim aparece de tudo: produtos eróticos, tênis “usados poucas vezes”, filtro de água com carvão ativado, trocando um sistema de som automotivo por outro, moldura de espelho (sem o espelho)… Tudo por precinhos super módicos e acessíveis. Só que o que fica fácil demais merece mais atenção do que o produto zero-quilômetro que ainda está lá nas lojas. Por que?
Take it easy!
Primeiro porque são produtos sendo vendidos por terceiros, por pessoas físicas. Comprar um produto usado, seja ele qual for, afasta muitas das leis que protegem as relações de compra-e-venda, especialmente porque não há nota fiscal nesse processo. Quando se compra um celular usado, normalmente o vendedor o oferece junto com a nota emitida quando ELE o comprou na loja (até mesmo para provar que não é produto roubado), mas quando ele vende esse mesmo aparelho pra você, ele não emitirá nota.
Outra característica atrelada nessa é o fato de o produto ser usado. Ou seja, pode ser que ele já tenha algum defeito, ou mesmo um vício de uso (um botão agarrado no teclado, por exemplo). Um tênis pode começar a descolar a sola do cabedal com poucos dias (afinal, talvez ele não tenha sido usado tão poucas vezes assim, na é?). O filtro com carvão ativado funciona até uma certa quantidade de litros filtrados (habitualmente 2.000 litros, dependendo do modelo) mas, depois disso, a água passa por ele sem ser purificada – e como saber quantos litros já passaram por ali? Então você não vai poder reclamar se algo der errado, já que você sabia que estava comprando um produto usado. Esse talvez seja o pior aspecto do mercado de usados: a ausência de garantia.
Claro que há exceção. Produtos mais caros como automóveis e joias vendidos em esquemas assim exigem mais atenção também no mercado de usados virtual. Se eu vendo pra você um carro usado no qual garanto que a quilometragem é a original, mas você descobre que ela foi adulterada, você terá direito de me cobrar satisfações. E se você me vende um anel dizendo que é diamante e eu descubro que era strass (de olho no exagero), aí é você quem me deverá explicações. Mas no mais, roupas, calçados, eletrodomésticos de menor valor… em geral, quando dão problemas, não há muito o que se fazer. Ficamos à mercê da honestidade do vendedor e da disposição dele em nos ressarcir. Algumas pessoas ainda tentam mover pequenos processos contra o vendedor mas a causa costuma ser de valor tão superior ao do produto comprado que a maioria desiste.
Mas existem vantagens
A maior delas é o preço. Especialmente nesses bazares via rede social, aparece muita gente (principalmente mulheres) se “desapegando” de roupas em muito bom estado para dar lugar a peças novas – e é possível encontrar peças realmente boas – inclusive de grandes marcas – e a preços que nem as maiores promoções de Black Friday alcançam. Pra quem não liga de comprar peças usadas, é uma grande oportunidade para renovar seu próprio guarda-roupas.
O oferecimento de joias, semi-joias e bijouterias nesse tipo de mercado também é muito grande. A mulherada adora! Como a compra é sempre fechada pessoalmente, a compradora tem a chance de avaliar o produto antes; se estiver de acordo, bem conservado, etc., fecha-se o negócio e pronto.
Produtos para bebês e gestantes também são muito comuns nesses mercados de usados – e em geral estão como novos, já que são usados por muito pouco tempo. Só não convém comprar produtos de higiene usado: não é nada higiênico. Nem mesmo as essências, já que não se sabe quais cuidados de conservação foram tomados – se é que foram!
Bicicletas, pneus, rodas de liga, chuveiros… Acha-se de tudo nesses ambiente; é quase um mercado persa misturado com Mercado Central de BH e a feira de Acari. Todo tipo de produto, todo tipo de preço (mas são baixos, em geral) e todo tipo de gente. Com cuidado, é possível garimpar coisas incríveis ali!