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Quando fiquei grávida

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Quando fiquei grávida

Lembro direitinho quando fiquei grávida. Estava casada há pouco tempo e, teoricamente, ainda não havia curtido tudo que havia pra curtir no casamento. Verdade, não tinha mesmo. Ainda não tínhamos viajado muito – nem pouco, já que a grana era curta – nem vivenciado os amores e os dramas do viver junto em sua plenitude. Mas, vai saber, a coisa aconteceu. Descobri por acaso num ultrassom: havia um cisto e um bebê dentro do meu corpo, sendo que o cisto era maior que a criança. “Mas seu corpo reabsorve isso aí, não se preocupe”, disse a médica. Relaxei e acreditei.

E depois da alegria que compartilhei com o maridão de olhos arregalados pela novidade, veio o temor: como íamos contar a novidade pra minha mãe, uma das pessoas com mais medo de envelhecer que conhecíamos? Mas não tinha jeito. Respiramos a coragem que o ar carregava (se é que carregava alguma) e fomos à casa dela.

– Mãe, tenho duas novidades pra te contar, uma desagradável e uma interessante.

– Ué? Bom, conta a desagradável, então.

– A desagradável é que tô com um cisto de cinco centímetros no meu ovário direito.

– Nossa… mas e a interessante?

– A interessante é que o bebê que tô carregando cabe dentro do cisto.

Ela fez uma cara… não parecia estar pensando em fraldinhas nem em moda gestante

O mundo quase explodiu e ninguém se deu conta

Quando fiquei grávida

Sabe aquela sensação terrível que desce pela espinha quando sua mãe te chama pelo nome? Ao invés de “Titi”, ela abre a bocarra e chama lá da sala: “CÍNTIA ALBUQUERQUE!!”. Ela pronunciou meu nome completo com tanta intensidade que era como se as próprias trombetas dos anjos do Senhor tivessem aberto o berro anunciando o cataclisma que vinha do céu. Era o prenúncio de um aborto, porque acho que até meu filho quis sair daqui de dentro correndo, voando, a nado, sei lá, mas ia sair e sumir!

O maridão, intrépido, já estava lá fora dando a partida no carro pra gente fugir quando ela prosseguiu: “vocês estão malucos???”. Ela não deixava de ter razão na bronca. Recém-casados e com pouca grana, recentes no mercado de trabalho, muito jovens ainda (nem 25, nenhum dos dois). De fato não é a situação socialmente mais “adequada” para ter um filho. Mas a bem da verdade, aconteceu sem planos mesmo – e já que tinha acontecido… vamos a ele!

A gestação correu sem problema algum e, a não ser por um atraso de duas semanas e meia na data do parto (que resolvemos gentilmente por meio da indução), esteve tudo dentro dos conformes. Inclusive as noites sem dormir logo depois do parto – nem tanto pelo choro do bebê, mas pela vigília interminável ao lado do berço. “Vai que ele para de respirar?”. Normal. Pais de primeira viagem têm disso mesmo.

A segunda gestação

Essa foi mais tranquila. O processo da gestação já era conhecido, então não houveram surpresas. Enjoei como nunca na vida, quase tive uma overdose de antiemético! “Credo, na primeira não foi desse jeito!”, reclamava eu, inocente, achando que toda gravidez é igual. Que nada… Se na primeira eu quase morri de azia, a segunda quase me mata de desnutrição. Mas do quarto mês pra frente, ganhei tudo de novo em minhas incursões heroicas à cozinha repleta de coisas saudáveis e não-tão-saudáveis-assim.

Nessa eu pude pensar mais tranquilamente em moda gestante, em quartinho de bebê e outra coisinhas porque nossa situação financeira havia melhorado, mesmo com o novo tripulante. Dessa vez minha mãe não xingou ninguém e o frang… digo, meu querido marido ficou direitinho do meu lado pra contar a notícia. O que não mudou foram as vigílias sobre a respiração da bebezinha. Sim, uma menininha! E dessa vez, nada de cisto. A menos que ela o tenha comido porque, a julgar pela força das mamadas, eu acho que foi o que aconteceu aqui dentro. Gulosa demais! Dizem que puxou à mãe. Eu prefiro me abster de comentários.

Pede pra sair, zero-três!

Filhos

Sim, tivemos um terceiro! Lembro até hoje da minha mãe contando entre risadas (porque esse terceiro veio sem planejamento e depois de uma ligadura mal-sucedida): “não se preocupem, o terceiro se cria sozinho!”. E não é que foi mesmo? Foi a gravidez mais tranquila! Não enjoei, não tive azia, ninguém meteu o pezinho nas minhas costelas… E, graças, foi mais um parto normal que, assim como o primeiro, atrasou quase três semanas – mas dessa vez ee iniciou sozinho, dois dias antes da data marcada pra indução do parto. Mais uma anjinha veio pra família. Doce desde a gestação, ela aflorou meu lado mais feminino. Usei e abusei da moda gestante que ainda estava no meu armário desde a segunda gestação, comprei novas peças, assessórios, flores de colocar no cabelo… Fiquei toda menininha! Curti muito essa fase. E depois também porque dessa vez ninguém teve a paranoia das vigílias respiratórias. Amém!! Todo mundo dormiu bem – na medida do possível.

Gravidez é uma delícia, ainda mais quando você aproveita o que ela traz de bom e sublima as pequenas tempestades. É em nome daquele novo laço, afinal. E vale muito a pena!

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